O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) inaugurou hoje um centro oftalmológico no hospital de Lagos, prevendo efetuar mais de 9.500 consultas e cerca de 2.800 procedimentos cirúrgicos anuais e reduzir as listas de espera na região.
O novo equipamento representa um investimento de 1,1 milhões de euros, suportado pelo CHUA, com o apoio da Comunidade Intermunicipal do Algarve e 14 dos 16 municípios da região, sendo que Faro e Silves foram os dois que não contribuíram.
Em declarações à Lusa, o coordenador da nova valência disse que a ideia do centro “tem duas vertentes essenciais: a de maximizar o número de utentes consultados e conferir qualidade na observação”.
De acordo com João Rosendo, nesse sentido, foi criada uma equipa de médicos, enfermeiros e assistentes que são responsáveis pelos doentes “do princípio ao fim, doentes que são encaminhados pelos diversos centros de saúde”.
“Foi sempre ideia deste centro, não ir só atrás dos números, mas mantendo um atendimento bastante personalizado com uma equipa jovem e com a motivação certa”, realçou.
João Rosendo adiantou que no centro vão ser feitos todos os procedimentos normais de Oftalmologia, “quer na área assistencial na consulta, quer cirurgias de cataratas, conjuntiva, da pálpebra e, a breve trecho, a possibilidade de serem feitas cirurgias da retina”.
“Mais tarde, poderão também vir a ser feitas cirurgias da córnea, temos elementos na equipa que já fazem isso, e refrativa, procedimentos que ficarão para uma segunda fase”, notou.
O novo Centro Oftalmológico do Algarve foi inaugurado em Lagos, no distrito de Faro, no dia em que se assinala o Dia Mundial da Visão, data “que não foi escolhida por acaso”, referiu a presidente do conselho de administração do CHUA.
De acordo com Ana Varges Gomes, o centro “reforça a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) no Algarve na área da Oftalmologia, aumentando as consultas, rastreios e cirurgias, bem como a qualidade dos cuidados prestados aos utentes”.
Segundo a administradora hospitalar, que em 31 de dezembro de 2022 terminou o seu mandato no CHUA, mantendo-se em funções até que o diretor executivo do SNS nomeie um novo conselho de administração, “o centro foi pensado para combater as listas de espera das consultas e cirurgias na região”.
“Desafiámos uma equipa de excelentes médicos que embarcaram neste projeto e que permitiu construí-lo de raiz e também um exemplo de que quando a região se une se podem fazer coisas extraordinárias”, destacou.
Na sua opinião, o Algarve continua a ser subvalorizado pelo Governo, mas quando “age como se fosse uma região autónoma, que no fundo é aquilo que deveria ser, consegue-se fazer coisas incríveis, aumentando a capacidade de resposta” em áreas fundamentais, como na Saúde.
Ana Varges Gomes lembrou que no início da pandemia da covid-19, em 2020, “a região juntou-se e deu uma resposta, sendo capaz de montar um hospital de campanha em duas semanas, que deu resposta à capital [Lisboa] e ajudou a salvar muitas vidas”.
“O Algarve continua a contar pouco, porque se este hospital de campanha fosse em Lisboa ou no Porto, até medalhas de ouro tínhamos recebido e a nós, nem uma palavra de agradecimento da tutela. Mas é isso que nos move, é fazermos sem reconhecimento”, sublinhou.
Ana Varges Gomes disse à Lusa que depois de deixar o conselho de administração do CHUA, o seu futuro “passa por continuar na região do Algarve onde vai exercer medicina na sua especialidade, a da Oncologia”.
Lusa
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